sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Impressões


Eu vivi mal a minha vida inteira.
Eu dormi mal, eu comi mal eu freqüentei as piores pessoas.
Eu precisava me tirar do conforto que o mal estar me garantia.

Venha aqui, me ofertar uma cerveja....


Eu passei uma semana na casa de Luiz Gadelha, e essa é minha segunda semana na casa de Melina Duarte, as regras sou eu quem defino. Algumas pessoas acham que porque eu não moro mais em casa não posso mais ir em casa, as raízes são cortadas aos poucos, é uma aprendizagem, no final disso tudo nem em Natal eu estarei morando mais.


25/10 - 31/1o/2010

Na casa de Luiz eu me senti em casa mais do que na minha própria casa, porque eu não ficava ouvindo a voz gasguita da minha mãe gritando comigo sem necessidade, porque eu já divido o quarto com meu irmão mesmo, então dividir com Luiz não tinha lá grandes diferenças, porque ele me recebeu muito bem, porque nos damos bem e as coisas seguiram em harmonia. Eu que gosto de um conflito, fiquei em paz uma semana, fumando, bebendo e compondo (menos do que eu gostaria, mas eu praticamente passava o dia inteiro fora). Eu e ele agora temos uma banda chamada EVOL, junto com Melky, Natália e Emily.
A vida tá sendo difícil comigo, eu não compartilho de uma estética e uma poética convencional ou facilmente aceitável nos meus trabalhos autorais então estou montando a minha encenação final com muita dificuldade; meu processo e, meu tempo são outro. Eu tenho muito desgaste mental com UM POUCO DE INFERNO, porque eu tenho que pensar em dramaturgia, estética, publico, formas e mais formas e resoluçoes para tudo acontecer. O andróide, que pra mim nem existe ainda, é onde quem vê mais se reconhece, talvez seja um lado que manipulei pra ser mais bem visto. Talvez pelas pessoas esperarem muito quando um bebê ainda está na barriga.
Na segunda, como de costume, eu fui pro cinema com o clubinho do cinema, assistimos os 3 velhos filmes de sempre e eu lembrei de como foi levar todas as minhas malas pra casa de luiz, foi divertido e depressivo ao mesmo tempo, eu me sentia um burro de carga saindo de onde não tinha mais água ou então um caramujo que lento se deslocava com a casa nas costas. Gadelha mora em ponta negra-capim macio , onde eu já havia morado (em 2004), onde eu reconquistava memórias, onde eu já sabia quais ônibus pegar. Na terça eu não tenho aula pela manhã então eu fui com o bb pagar as contas no extra e nesse dia Luiz fez o almoço, ele sempre faz umas coisas gostosas, destaque pra pipoca, que a dele é ÚNICA. Todo dia praticamente eu chegava em casa as 23h, os ensaios vão geralmente ate as 22h, teve um dia até que assistimos uns filmes, eu dormi depois do primeiro, claro.
O banheiro de luiz tem uma privada com desenho de peixinhos, eu me sentia poluindo o mar. Minha escova de dente perto da dele, o box que mal me cabia. Eu lembro dessa semana em especial com muita alegria. Nossa, ele me deu a chave de uma das portas, quer dizer....ele fez tudo pra eu me sentir de lá.
A gente conversou muito, conversou sobre nós, sobre futuro, sobre passado, a gente sempre tomava café da manhã, e era nessas horas que o papo fluia, eu adoro isso mesmo sem ter o costume de comer pela manhã. De noite a gente sempre bebia, cervejas antes de dormir, algo melhor? Nós seguimos Natália, a menina que bebe todos os dias.
A primeira vez que eu e luiz nos vimos foi em um curso de teatro em 2006 no centro experimental de pesquisa e formação teatral, no módulo 2 ministrado por Marco França, Lenilton e Fernando Yamamoto. Foi onde também conheci Simona, Valéria, Camille, Ênio, Tiquinha e Angela. Não eramos muito chegados, faziamos coisas juntos, mas porque eramos da mesma turma. Foram anos depois, em 2009, que a gente começou a se comunicar mais, conversar mais, trocar músicas e a criar juntos de fato. Foi paralelo ao surgimento do andróide que minha amizade com LG ficou mais forte, ele tinha que estar fazendo parte de tudo isso. Aquelas coisas que não se explicam, simplesmente acontecem. A criação dessa vivência veio do fato de eu antes de pensar nisso como plano maior eu já estar pensando em ir passar uma semana na casa dele. Liguei uma coisa com a outra e agora estou nessa loucura de pegar outros ônibus, viver outros lugares, demorar mais tempo pra chegar na faculdade, acordar mais cedo e etc



domingo, 24 de outubro de 2010

"NÓS"

Vivência - NÓS - Início 25/10/10 até 25/02/11



"O que você tem dado a seus amigos para eles te apoiarem tanto?"
Sarah Kane


Talvez seja uma forma de olhar as coisas por outro ângulo, de me tirar do conforto, de me fazer ficar de frente para outros pontos da cidade, outra rotina, outros horários, outro ponto de vista sobre mim e sobre os que me rodeiam. Uma forma de fortalecer vínculos. Amizades antigas, amizades recentes e futuras amizades. A minha vida continuará, mas em outro lugar.

CRONOGRAMA:
Eu passarei 4 meses morando fora de casa. 1 semana na casa de cada amigo que eu considero e que aceitou essa experiência. 12 amigos, cada semana em um e 1 amigo de 1 mês. O tempo dessa performance pode aumentar e será toda registrada no blog, talvez aconteça de eu morar uma semana na casa de alguém que eu não conheça, mas que apareça por aqui e queira viver essa experiência. Sintam-se a vontade senhores "desconhecidos"


As regras serão construídas com o tempo, o objetivo é misturar as duas vidas, conhecer mais o amigo, costumes, cultura, toques e que ela(e) me conheça também um pouco mais.Uma semana é ainda pouco, mas em longo prazo tentarei perceber e registrar como isso influencia minha vida. Eu criarei situações e de alguma forma deixarei minha marca na casa na qual eu estiver.

Será uma visita normal, como se alguém viesse de outro estado ficar hospedado na sua casa. Eu falo morar, porque quero criar a atmosfera de que pertenço aquele lugar, me infiltrarei. Não terão obrigações, a pessoa me receberá como costuma fazer, livre, como quiser.

Meu pai aceitou, minha mãe ainda não sabe...parto amanhã

1º casa: Luiz Gadelha
Capim Macio

Me desejem sorte.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TRINCA - Música

TRINCA
Juão

Eu fui a terceira pessoa, tu, ele, eu
Uma via paralela, tu, ele, eu
Um amor de mentiras, tu, ele, eu
Não consigo acreditar em você, tu, ele, eu
e doeu.

Você mente até pros teus pais,
pros teus melhores amigos,
por que não ia mentir pra mim?

Eu fui o C da história entre A e B
Os fatos me mostrando/ram
o que eu tinha que perceber
Que você não presta
e na testa está escrito:
Desventura Concreta
Sozinho no mundo
você vai sofrer.

Você mente até pros teus pais,
pros teus melhores amigos,
por que não ia mentir pra mim?

Trinca,
mas não quebra
assim dói mais.




Com um buraco no peito - Música

Dicas para ouvir essa música:
Na janela do carro
óculos escuros
fugindo em mais uma viagem
o vento na cara ...

Com um buraco no peito
Juão

Eu gosto de me matar lentamente
suícidio a prestação
o coelho branco decapitado
sem tempo
sem razão

Eu gosto de morrer aos poucos
pequenas doses de auto-destruição
quem gosta de viver inconsequente
deixe em casa o coração

eu não carrego mais o meu

A vida é mais gostosa
fora dos trilhos
enlouqueço passo mal
Respiro tristeza e perigo
Não faço das cinzas meu final

não me envolvo com gente decente
me cansa me corrói
pra não ter as feridas pra sempre
Deixo em casa o que dói

O coração é um peso
que eu larguei pra nao afundar de vez

eu não carrego mais o meu
Solto nas ruas
cuidado com o seu.

Com um buraco no peito - OUÇA

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Chega de ração!

Não sei o que é pior:
estar sozinho
ou achar que está com alguém.

Eu sofro com
ausências específicas,
eu exijo, eu planejo
eu projeto, só não prometo
Eu compreendo os intervalos
porém ainda não os aceito

Talvez se um dia eles parecerem naturais e não fugas,
porque fugas nunca deixarão de ser
só não queria que aparentassem tanto.

Eu preciso ser de estimação,
aquilo que precisa de uma atençãozinha diária
se não, morre.

Eu preciso ser alimentado todo dia
Eu preciso olhar nos olhos
É na estagnação que eu sofro,
nunca apreciei sangue coagulado.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Música - Eu, você e mais ninguém

Eu não nasci estragado
Eu nasci pra estragar.

Eu, você e mais ninguém
JUÃO

As vezes perco a paciência
parece que não fui feito pra esperar
você mudou
e eu vejo a diferença
desde que começou

a se interessar
a me procurar

As vezes falta alguma coisa
tudo eu estrago
querendo sempre demais
você mudou meu ritmo
minha frequência
desde que começou

a se interessar
a me procurar
e agora o que me resta
eu, você e mais ninguém


eu deixei amigos de lado
eu esqueci alguns combinados
eu passei por cima dos meus princípios
e agora o que me resta?

eu sem você
eu sem ninguém


OUÇA: EU, VOCÊ E MAIS NINGUÉM

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pocket - Dorme meu amor - para mim mesmo.

Amanhã não quero ter nenhuma lágrima guardada.


Dorme
Juão

Dorme meu amor
esse tempo bom
vai curar
todas as dores

Dorme meu bebê
para entender
que existem coisas
que temos fazer sozinhos

OUÇA: Dorme


MÚSICA - Não espectador

As gravações caseiras no quarto da melancolia e com o pc quebrado já fazem parte do processo, tenho que gravar com ruídos e em má qualidade antes de tudo.
mais uma.



Não Espectador
Juão

você não sabe onde isso vai dar?
eu também não faço
a minima
idéia

eu passei/cansei meus dias
nessa espera
agora
não tenho pressa
deixa como está

deixa
acontecer
deixa se formar
quero/pode acreditar

que essa história bela
eu não assisto da janela

que eu faço parte
dessa felicidade
desconfio
mas sei aproveitar

OUÇA - Não Espectador

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eu quero sim que você arranque meus lábios fora
que você me sufoque, que me esquarteje e conserve as partes.
Leva elas contigo, me carrega com você.
Mas me destrua com sua boca.

Quero que você saiba que eu sou tão romântico quanto sexual, e eu sou muito.
Quero que você não tenha pudor em se entregar, como eu não tô fazendo questão de ter.
Quero você transparente e sólido.
Quero você em todos os lugares, no escuro e no claro,
eu não me importo se você não se importar.

Eu sempre lembro dos fins, mas de você quero a lembrança do eterno começo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Desejo que esse nome não sirva

Foi por encontrar um novo caminho possível que eu estranho tanta felicidade.
A esperança de jogar o nome desse projeto no lixo me faz querer que você fique comigo
[mais e mais manhãs]
[mais e mais madrugadas]
[mais e mais salas escuras]
[mais e mais óculos 3D]
[mais e mais chuvas]
[mais e mais construções]

Encontrar alguém tão apto a criar e dar forma como eu,
me faz esquecer todas as implosões e desmoronamentos antes ocorrido.
Quando estou perto de você me sinto mais arquiteto.

É porque pra mim é difícil demais encontrar pessoas tão especiais a esse ponto:
carne/coração/cérebro compatíveis.
Talvez você seja a terceira.
Tem gente que larga uma e já está com outra, mas eu não gozo com o pior dos sexos.


Eu to por aqui; carente, solitário, com muita saudade, com/sem par ao mesmo tempo.
Querendo te ligar, querendo reviver aqueles momentos, querendo comemorar o achado
mas a distancia separa o que antes o medo fazia questão de manter longe.


logo logo a gente se vê outra vez
afinal
"Essa história bela
eu não assisto da janela"
#androidesempar

Antes não souberam decifrar essa música
espero que essa seja a vez
http://www.4shared.com/audio/0GrfgJCS/esses_meses.htm

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O mesmo mar que une, separa

Eu já tinha postado essa mesma canção com um título diferente, mas agora to postando não só a letra, mas também a gravação caseira que eu e luiz fizemos!

É pra vc Myle!
Pra minha eterna companheira!


O mesmo mar que nos une, separa
Letra:Juão Música: Luiz Gadelha

Você não cansa de me lembrar

pra que servem os olhos

eu enxarquei o mar

com minhas lágrimas

e agora os peixem se embriagam de lembranças

flutuam parecendo mortos

Enquanto as baleias bêbadas

esquecem os bons modos

e lamentam a saudade encalhada

nessa canção.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

E eu me pergunto o por que da hierarquia entre esse dia e os outros.

Antes de tudo: Não costumo comemorar aniversários

Não que não faça questão, mas prefiro não me frustrar, não potencializar ou engrandecer um dia que pode não ser assim tão legal.

Não que eu tenha tido algum aniversário durante esses anos que tenha me feito muito mal, não é isso, mas é que meus dias normais por si já são tão comemorativos que esperar mais do dia 14 de junho seria pressionar demais o coitado do dia pra que ele fosse algo sublime.

Virei a noite, por acaso, com 4 dos meus apóstolos kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mentira, não sou jesus, não quero seguidores(basta o twitter - @Juaoak - follow me), mas quis dizer que são 4 das pessoas que confio e quero junto. Foi um jeito sarcástico de analisar, oquei, eu tenho esse jeito meio anti-cristo, mas não é nada pessoal. Eu gosto de reforçar o amor que sinto por essas pessoas, eu quero elas perto, não são qualquer um, e tem mais gente nisso, mas cada um no seu tempo...Eu ganhei uma tequilinha *-* e penetrei o dia 14 bem feliz, após tocar algumas musiquinhas do andróide no casanova, após conversar com meus amigos num clima de friuzinho e chuva bem gostosa, pq quem me conhece sabe:

"amo o frio como amo a noite".

Ao meu estilo meu dia me presenteou com um apagão no condomínio - meia noite e pá! BLACKOUT - bem que a gente poderia viver na escuridão né?
Ficou tudo mais legal, sem luz, o som do silêncio, e foi um dos melhores inícios de aniversários ever(ton), e eu nem me esforcei.

Voltei pra casa ainda tudo apagado, vejo uma luzinha, minha irmã estava acordada, ela não consegue dormir assim ainda² tem medo do "inesperado da escuridão"....ainda to trabalhando isso com ela, já já ela supera. Conversamos durante um tempão...vejo que há esperança na minha família...amo muito minha irmã, talvez por ela ser muito parecida comigo, a gente deitado, a luz de vela, as sombras nas paredes, o intimismo instaurado.

Era linda a cena dela fazendo bolhas de sabão no escuro, e as sombras da menina e das bolhas. Essas coisas "pequenas" me fazem pensar, pensar, pensar...eu tava tentando pegar uma bolha e ai vinha a história do andróide sem par, mais uma vez dentro de mim.

As bolhas sempre estouravam ao me tocar...ai lembrei, pós tantas experiências e experimentos de quando jovem, se eu melar minha mão com o mesmo material que a bolha de sabão, eu consigo segura-la durante um bom tempo, mantenho ela junto de mim e ainda brinco.

Talvez se as pessoas quando quisessem ficar juntas elas tentassem se "melar", cobrir a superficie de contato, com coisas que façam parte uma da outra, as coisas durassem mais. NA VERDADE, ACHO QUE O PROBLEMA É ESSE, AS PESSOAS TEM MEDO DE SE MELAR - DESSA VEZ É SEM ASPAS. Me pergunto pra onde vai o homem contemporâneo e todos os seus sistemas temporais de baixa longividade. Por que esse homem flash? eu geminiano, paradoxalmente me questiono.

Não que eu não goste do prazer de sentir a bolha estourar no meu corpo, talvez o ápice, a água borrifada na minha pele, mas eu sinto que depois de ver tanta bolha estourar o novo prazer é manter.

Uma longa primavera.

(Fragmentos/pensamentos de um suposto livro que eu comecei a escrever no final de 2009 e que hoje certamente virou mais uma lembrança de um tempo que foi escrito, desenhado, pintado e que não poderei arrancar uma folha sequer para não haver enganos.)

Um súbito de informações invadem o corpo, as flores estão ao alto. Não sabe-se como ou aonde os olhos passaram a brilhar, mãos trêmulas e pernas inquietas, começaria alí um amor triângulo.

Julho de 2008,
Os adolescentes sem dúvida obtiveram um espaço significante na sociedade, tempos de revolução pessoal, interna e externamente. Aqui nesse pequeno manicômio que chamamos de cidade não foi diferente, manifestações culturais voltadas ao público teen, intervenções artísticas e modificações na área da estética. Tempos de liberdade de expressão, utilizavam o corpo e a imagem para "vender" um produto no mínimo falso que eram eles mesmos.
Nesta mesma época onde todos tinham tinta colorida no cabelo conheci um garoto que era uns três anos mais velho do que eu, ele não era tão grande, não era lá tão garoto também, um pouco afeminado mas muito bem apessoado. O conheci de repente, e assim as coisas foram acontecendo. Cerca de um mês depois sabíamos o suficiente um do outro, sabíamos o ocorrido até aquele último instante do nosso último suspiro. Num dia qualquer, numa das nossas andanças fui apresentada aos amigos dele, os melhores amigos, que até então não me conheciam por falta de oportunidade, ou de motivos.
Primeiro encontro. Era ela, não lembro da roupa ao certo, também não lembro das outras pessoas em volta, estavam todos apagados, desfocados diante da minha visão. Certamente estava com aquela meia arrastão que lembro nos dias de sábado daquele passado, cabelo esverdeado e detalhes incríveis em cada canto do corpo. Não sei aonde havia guardado minha cabeça naquele momento.
Os tempos passaram, os cabelos desbotaram e ainda mantinha contato com eles. Saíamos com mais frequência e estávamos mudando o guarda-roupa, os sorrisos eram os mesmos, o humor às vezes era alterado, os sentimentos por hora confundidos, algumas discussões e separações mas sempre deixávamos o passado enganado no nosso presente de felicidade gotejante.
Passeios na praia, areia no corpo, conversas picantes, silêncios e paixões platônicas. Lembro de ter sentido tudo no meu quase tudo. Era um ano bastante conturbado, lotado de conflitos e mudanças, era de certa forma um começo, mas ainda não sabíamos nada. No momento éramos apenas ouvintes do tempo.

Dezembro de 2008,
Mais especificamente no último dia do ano. Estava na praia acompanhada de uma pessoa muito especial com a qual vivi momentos incríveis e que me fez descobrir um outro sentido do que realmente se chama dor, mas isso é um outro livro. Fizemos pedidos saudando o novo ano, com os corpos entrelaçados sobre a areia da praia deserta. Os pedidos então puderam se realizar mais tarde.

Maio de 2009,
Mantive minhas crises de ciúme de sempre, me pondo em situações trágicas e desesperadoras. Realmente era incontrolável, perdia a cabeça com uma troca de olhares ou uma boca manchada de batom após cinco minutos de desaparecimento. A menina dos olhos de mel, aquela antiga menina dos cabelos esverdeados me fazia arrancar os cabelos de ciúmes, e eu a fazia ter ódio mortal da minha face por longas vinte e quatro horas, ou mais. Era passageiro, instantâneo e forte. E novamente os tempos passaram.
A menina dos olhos de mel era uma espécie de tudo o que eu podia e queria ter, éramos irmãs, confidentes e amigas. Brigávamos e discutíamos quase sempre, era também incontrolável, meu jeito estúpido e errante certamente não agradava a competência e beleza de tão linda jovem, ela sempre foi meu orgulho.
Nesta mesma época ou até antes descobri uma paixão dela por um tal músico, vocalista de uma banda de rock até então desconhecida por mim. Pudera, aqui nessa cidade onde só podemos escolher entre sol e chuva e só há divulgação de bandas de forró certamente não ouviria nada a respeito. Mantive um certo ciúme, ela não parava de falar nele e parecia uma criança devorando um sorvete com os olhos e pensamento. Haviam momentos em que eu desejava não ter descoberto tal novidade.

Junho de 2009,
Por convite da menina dos olhos de mel fui a uma intervenção do tal vocalista dos sonhos, pelo qual ela sentia o estômago afundar, o único. E além de cantor o tal era ator, em meus sonhos uma quase realidade. Ele realmente parecia ser a alma gêmea dela, os gostos parecidos e aquelas citações de Augusto dos Anjos na minha cabeça, aqueles materiais e cores, aquele trem quebrado e aquele cheiro e me sufocava. Eu gostei, era um pouco de dor que eu precisava pra afundar de vez entre aquelas paixões. Havia uma outra menina conosco, a que eu não sabia mas também era amor secreto da menina dos olhos de mel. Estava eu, perdida, sem saber, diante das duas paixões da menina do vestidinho preto e da tatuagem na perna. Isso sim era sufoco. Não sei explicar mas sentia e sinto uma coisa muito forte por ela, talvez nunca entenda, essa amizade é quase inacreditável e inacessível.
Na mesma época alguns amigos nossos combinaram de ir a um evento que teria num pub perto da praia, haveriam alguns shows de bandas até então quase desconhecidas que tocariam alguns covers e fariam algumas mudanças no ritmo. Os shows foram ótimos e o tal vocalista ator estava presente com uma outra amiga a qual ele não largava desde o dia primeiro de janeiro, era carne e carne. Os vi bebendo tequila e dançando desengonçados, pareciam estar bêbados ou no mínimo chapados, passei a ver as situações e pessoas com outros olhos. Saí de lá não mais o achando tão "pedra no sapato".

Julho de 2009,
Dois meses depois de ter entrado num Projeto Social fui à uma viagem com o grupo para Campina Grande, ele também estava lá, junto da tal amiga "primeiro de janeiro" que era a coordenadora do tal grupo que piscava nossas ideias. A menina dos olhos de mel no entanto tinha encontrado uma outra paixão, essa totalmente fora dos padrões aceitáveis pela sociedade normal. O menino era cheio dos cachos e sorrisos brancos, parecia não se importar com moda e vivia acompanhado de um caderno que ela havia feito, rabiscando suas ideias e amores. Era um total idiota, tinha namorada e não contetado com a falta de sexo na relação foi fisgado pelo encatamento da tal menina de estatura baixa e pernas de fora. Certo ele, todos eram loucos por ela. Ainda acho que foi um momento de fraqueza na pobre cabeça da menina da menina, ela devia estar num daqueles surtos de febre do estrangeiro apesar de nem existir na época. Os dois passaram as viagens numa bolha, ouvindo as músicas do meu mp4 que titularam deles, cansaram apenas quando o pobre falho descarregou, estragando até a minha alegria da volta. Sorte minha que haviam outros, animados e com um violão, escolhendo músicas e cantarolando como se fossem crianças, aproveitando cada minuto pra acumular alegrias e aproveitar os momentos.
Numa dessas melodias, entre frio e paisagens tirei meu casaco listrado de dentro da bolsa, e de repente, num só impulso o vocalista vôou sobre meus ombros puxando o casaco de minhas mãos, ele repetia sem parar que era lindo e que iria roubar pra ele. Eu espantada nada entendia, não possuía nenhum conjunto de frases dignas com ele ou uma fila de sorrisos. Me levando pelo encatamento da brincadeira passei a vê-lo como um espelho e um mestre às minhas piadas sem graça e canções desafinadas. E assim começamos a outra parte da história. O resto daquela viagem foi só nossa, o tal vocalista era mais do que eu imaginava, uma outra metade de mim.

Agosto de 2009,
Iniciavam os vestígios de uma nova era, éramos três, eu, o vocalista e a menina dos olhos de mel. À partir do meio do mês criamos vínculos jamais quebrados, saíamos e conversávamos sobre todos os tipos de assunto, entre cigarros e bebidas nós ríamos como tontos diante de palhaços sem graça. A nossa felicidade no entanto estava só começando, era início de Primavera, estação das flores.

Setembro de 2009,
Após desencontros e desentendimentos ao telefone não sabia o que poderia salvar meu dia em plena quinta-feira. Junto ao vocalista combinei um tal encontro com a menina dos olhos de mel, uma maneira de nos vermos para jogar conversa fora, tinha saudades caladas. Fomos os três depois da loja de fantasias a um bar com karaokê e cerveja, eram as únicas opções, e era o que queríamos. Descobrimos alí uma compatibilidade de almas, em cada copo um gole de amor, surgiram os planos e surgiram as músicas na tela, gritadas e aplaudidas pelos espectadores da rua. Já era noite, havia garantido a felicidade do meu dia. E depois foram vários momentos de loucuras e esterias calorosas. Nossos passeios noturnos regados a cigarros e bebidas, as frases e lembranças.
E à partir daquele dia, daquela tarde banhada a àlcool e música construímos o mais belo jardim que alguém pode ter. Construímos um amor triângulo inabalável. E foram saudades, crises de abstinência e carência, neve. E as semanas foram passando, os dias, horas, minutos. Foi um súbito de tudo que nos tomou como vento, aconteceu conscientemente de uma certa forma, mas foi tudo o que eu havia pedido no tal ano novo. As coisas realmente acontecem de repente, sem que façamos planos ou expectativas, nos pegam de surpresa e mexem com todas as nossas estruturas.
Aguardem, a Primavera está apenas começando.

Outubro de 2009,
Eu e o vocalista fizemos uma música para menina dos olhos de mel, preparamos também uma surpresa que será inesquecível, uma das coisas mais lindas já vistas por alguém. A nossa música me traz uma paz inexplicável, ela vem cantada do fundo da alma, parece carregar todo o peso do sentimento, escorre por nossa boca num leve soprar. E continuamos vivendo momentos incríveis, tardes e noites encantadas, dias regados a vinho e massa, piscina, doenças, festas, shows. Tivemos também momentos união total, aquele nosso imã eterno que nos faz juntar os lábios, os corpos e membros.
Sinceramente não sei explicar a imensidão disso em mim, talvez esse algo tão grandioso seja uma forma de me levar à realidade do meu conto de fadas. Não consigo me imaginar sem os dois, é situação de desespero total pensar no Inverno.
E por enquanto vai ser assim...
A nossa Primavera vai demorar.

Dezembro de 2009,
Após grandes mudanças na nossa relação, amor triângulo agora parecia mito diante de tantas decepções que qualquer tipo de amor parece trazer. O final do mês ficou marcado em pequenas grandes tragédias e imensas feridas nos corações de quem, a alguns meses atrás, sonhava em dividir almas. Final de um ano com mais surpresas que o esperado.
Nos primeiros meses de 2010 as coisas voltaram ao normal, era questão de tempo até que aquele amor pudesse sentir falta de nós, e assim foi. Acontece que todos sabemos que nada permanece igual após um choque ou um arranhão sequer, mas agora tudo parecia caminhar bem daquela forma, não sei se é por que havíamos amado demais mas ser tão feliz como antes parecia algo meio impossível, e já era de se esperar. Apesar de tudo os três seguiram tranquilos e mantendo um nível de proximidade reduzido, isso só comigo e ela, com ele eu ainda era tudo e mais um pouco, até hoje não nos ferimos.
Fiquei sabendo algum tempo depois que minhas passagens para outro mundo já haviam sido compradas, dentro de um mês eu iria embora pra Europa morar com minha mãe e tentar ser o que ela sempre quis que eu fosse, e era o que de certa forma eu queria também, mas tinha muita coisa em jogo e eu nunca pareci tão forte pra saber carregar tanto peso em uma mala só, mas fui.

Maio de 2010,
Era dia 12 e minhas malas a uma semana já estavam prontas, eu nem sabia o que fazer diante de tão pouca coisa que eu ia levar, a maioria das pessoas que eu queria estavam na minha casa e mal podiam imaginar que se eu pudesse encontrava um jeito de enfiá-las uma a uma dentro das minhas roupas. Por não saber o que fazer dei um único grito que me valeu até o outro dia. Parti por volta de uma da manhã, dia 13 já. Dentro da mochila cartas, fotos, um cavalo branco e minha saudade que nem me deixou fechar o zíper.

Nem parece, escrevo hoje dia sete, essa semana fará um mês que cheguei aqui e carrego no peito toda a coragem do mundo. Agora eu sei que deixei muita coisa, mas sei que mesmo longe todas essas coisas serão pra sempre minhas. Eu vou mastigando o tempo enquanto o tempo me devora.


Por Myle

Descascando cebolas, digo, limões!

Quero conseguir 'confetear' em você tudo o que sinto ao relembrar todos os momentos que passamos juntos e imaginar os que ainda estão por vir. Quero dizer que te conheci te querendo e o tempo fez-me te querer mais ainda, de todas as maneiras mais deliciosas e cheirosas, bem perto de mim, um nó bem dado pra nunca mais desatar.Em você eu experimentei todas as formas de amar, pois eu morro de ciúmes das outras pessoas da sua vida. Odeio não morar no seu prédio pra poder arrumar umas desculpas bem esfarrapadas pra ir sorrir com seu sorrisão e fazer dengo pros seus olhos de criança, todos os dias. Sinto saudades de te contar meu dia e ouvir o teu e... Quero te dizer que nunca vou esquecer do dia que você me perguntou se eu gostava de SOAD e eu respondi "Não, nunca ouvi, mas System é legal!", você malhou horrores de mim e tive vergonhas sufocantes por horas e horas. Te dizer das micro-bailarinas que dançaram no meu estômago naquele dia que experimentei Vaca-preta com você e seus olhinhos brilharam pra mim. Te dizer do orgulho que eu tive de você na Mostra de poesia hospitalar e de te ver crescendo e de enxergar que seu talento vai além do que eu posso enxergar, que você é um artista nato. Te dizer que eu nunca esqueci do dvd de Ana e Jorge que você nunca me devolveu. Te dizer que sua bunda é o melhor travesseiro EVER! Te dizer que os cigarrinhos de felicidade já não me satisfazem se não tenho você ao vivo com a Lombra tv. Te dizer que já quis algumas vezes ficar puta com você, mas eu nunca tinha motivos ou forças suficientes. Te dizer o quanto me animava o dia ver sua foto pintado de palhacinho no visor do meu (ex) celular, me ligando. Te dizer " Se deixe divertir, o fantástico é você mesmo quem faz! ". Te dizer o quanto vai ser terrível os ensaios de Um pouco de inferno em que eu tiver aprendendo a me fazer chorar, pois meu choro não sai, ele entala, surge o nó que está em minha garganta, exatamente como estou agora. Dizer que usar coturnos ao meio dia, com você, é revigorante. Mano, eu nem exatamente o que eu quero te escrever, só preciso dizer que... Preciso dizer todas aquelas coisas que vão te fazer sorrir esse sorriso lindo ao mesmo tempo que lavas os olhos. Te dizer o quão é importante que você saiba a importância que tens pra mim, e que mesmo nessas minhas mutações que idealizam o desapego, eu nunca consegui me desapegar de você, e... me fazer virar de cabeça pra baixo foi a pior coisa que você já me fez, e... guardo até hoje um panfleto do Movimento da juventude socialista do PSB-RN só porque tu me deu bem naquele tempo que eu queria casar com você, e... Porra, eu quero te deixar feliz com essas palavras e ganhar créditos e me livrar do castigo por apagar as fotos (tremidas). E o mais importante, quero te contar uns segredos: Eu passo mesmo o tempo todo perdida tentando te entender e passar o tempo todo contigo não me faria te esquecer de jeito nenhum!, e esssa música espreme o meu coração, e por muitos e muitos longos anos meus olhos serão sempre de coisa boa ao olhar para ti, e... Os hereges da rotina dominarão o mundo!

Feliz aniversário, limão!

Por Lilla Fernandes

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para Myle

O mar que nos une, nos separa
Juão


Você não cansa de me lembrar

pra que servem os olhos

eu enxarquei o mar

com minhas lágrimas

e agora os peixem se embriagam de lembranças

flutuam parecendo mortos

Enquanto as baleias bêbadas

esquecem os bons modos

e lamentam a saudade encalhada

nessa canção.

uhhhhhh

ihhhhhh

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não vou deixar de postar só pq não posso mais gravar

É, eu tenho um pc nojentinho, que gravava chiando e agora nem grava mais.
Algum dono de estúdio se por um acaso estiver lendo o blog, me convide pra gravar hohohoh;

As letras e as músicas vem se acumulando, a proposta de gravar um ep sendo estudada
mas por enquanto é isso, só especulação...

TE VIGIO
Juão

"F Gm
Dorme meu amor
B
esse tempo bom
vai curar
F
todas as dores

F Gm
Dorme meu bebê
B
para entender
que existem coisas
F
que temos que fazer sozinhos"


E ontem dei uma entrevista pro programa novo no youtube chamado @micro_ondas de Luiz Gadelha, Simona Talma e Paula Vanina...foi a entrevista mais divertida que já dei, pena que ela ta RESUMIDA, mas foram 15 minutos falando sobre tudo, ak, androide, lamina, um pouco de inferno, teatro, lady gaga auhauhahuahua, twitter o/ assistam eu toco "esses meses" que dia 28 de maio completou 12 meses comigo.

p.s. reparem no oculos caindo enquanto toco, no ataque de paula vanina "o que vc diria se fosse tuita agora!?!?!?!?!" foi uma tarde maravilhosa auhauha

BLOCO 1


BLOCO 2

ahhhh tbm tem o vídeo de "esses meses" num lual em ponta que fizemos na primeira noite que a banda cinzel estava em natal, mt bom o show deles, acho que junto com volver eles estao entrando nessa galerinha de compositores maravilhosos na onda loser manos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Andróide sem par

Não é homem bicentenário.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Muito Mar

Hoje eu sonhei com grandes DIMENSÕES de água salgada ao meu redor
Hoje eu sonhei com todas as armas subaquáticas possíveis
arpões de sobra pra atirar
mas sem nenhum vestígio do que caçar.


sábado, 24 de abril de 2010

Contos Doentios

BIA
João Paulo Querino da Silva

Beatriz decidiu parar de lavar o cabelo. Meio nojento e muito contraditório ou o inverso, mas ela se achava mais bonita com o cabelo sujo e acreditava que com boas fragrâncias poderia disfarçar o provável odor que surgiria com o tempo. Seus cachos realmente ficavam mais definidos daquela maneira, era o seu orgulho, liso em cima e cacheado em baixo. Ela, como toda mulher, já tinha passado alguns dias sem lavar os cabelos e observou que como teste com o tempo quanto mais sujo, mais bonito. Sublime é a palavra certa para definir os fios cintilantes e negros de Beatriz ao vento. Seu cabelo era admirado, elogiado e invejado por muitos e quando questionada nunca contava o seu segredo. O odor realmente dava pra disfarçar, ela era namoradeira e nunca nenhum menino que com ela ficou reclamou ou saiu espalhando que ela tinha cheiro de dread. Beatriz saiu em capa de revista de moda, de maquiagem, de todo tipo de futilidade, usando o seu cabelo domado nas mais variadas formas. Porém, sua visita a salões de beleza ou estúdios fotográficos e ateliers sempre eram marcados por pequenas confusões envolvendo pequenos furtos. O que ela pensou ser normal, nesse meio as pessoas possuem alguns transtornos e cleptomania um dia já chegou a ser moda. O problema é que esses furtos já a estavam incomodando, pesando sua cabeça. Além de tudo, Bia tinha coisas mais importantes com o que se preocupar, sua irmã havia desaparecido algumas semanas atrás e a sorte era de que seus novos trabalhos estavam ajudando em casa, sua mãe muito triste não conseguia mais trabalhar. Um dia sozinha em frente ao espelho se arrumando pra sair, ela tinha um pente, uma escova, um spray fixador, um babyliss e "Peraí!!!! Para de engolir minha chapinha!" O cabelo de Beatriz estava devorando aquela chapinha quente e gostosa ligada a tomada. Ela ainda tentou lutar, mas seu cabelo possuia tanta química que estava mais forte que os bracinhos fininhos e branquelos de Bia. Ela decidiu parar antes que o próprio cabelo a devorasse, a garota suspirou enquanto o cabelo degustava a ultima parte da tomada. A inexplicável juba mutante de beatriz já não fingia mais controle, não precisa mais do vento pra se exibir, mesmo ela estando numa sala a vácuo os cabelos se moviam como serpentes loucas fazendo a pequena Beatriz se sentir uma reprodução fajuta da Medusa. Até que ela a alimentasse com algum produto de beleza e tudo voltasse aparentemente ao normal. Penteados escolhido por ela? jamais. O cabelo agora tinha vida própria e escolhia os próprios modelitos após consultar algumas revistas. Quando não estava rebelde por ter acordado mal, ele deixava de fazer a Medusa e aparecia das mais lindas formas: retrô, futurista, com cores diferentes, mais curto e até mais longo, acreditem, ele sabia o que fazia. Se não fosse pelo seu péssimo hábito de roubar produtos estéticos pra comer, Bia até conseguiria suportar a convivência com o próprio cabelo, ela estava ficando rica e virando referência no mundo da estética, mas sabia que não era certo ser cúmplice de toda essa história, sua mãe a tinha dado uma boa educação. Cansada da vida criminosa e lucrativa, a garota todo dia maquinava diversas formas para seu cabelo voltar ao normal, mas parecia que ele lia sua mente. Certo dia no banho experimentou disfarçadamente tirar a touca, seu cabelo apertou tanto sua cabeça quando percebeu a tentativa que em um grito a menina foi ao chão. Chorando decidiu ameaçar o cabelo com uma máquina de raspar, mas revoltado o cabelo roubou o aparelho de suas mãos e o engoliu de uma só bocada, deu um arroto e vomitou pequenos conjuntos de ossos no chão do banheiro. Junto ao crânio vomitado, Bia percebeu a fita de cabelo não digerida e reconheceu que aquilo pertencia a sua irmã desaparecida. Ela em um segundo passou de cúmplice a refém, o medo penetrou a alma daquela linda jovem tornando-a uma escrava capilar.


QUEM QUISER LER OUTRO MINI CONTO MEU
ELE É DE CANCÊR

UM DISPENSÁVEL CONTO NATALINO

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Contos Doentios

ELE É DE CANCÊR
João Paulo Querino

Em um encontro com outras mulheres também traumatizadas percebi que eu não era a única fêmea anatômicamente incompleta. O que surpreendeu as minhas companheiras de crise foi como eu cheguei a ficar naquele estado. Algumas realmente sabiam como eu me sentia, delas umas já nasceram sem, outras perderam na luta contra o cancêr, mas eu, entreguei minha teta esquerda para meu filho.

Numa das seções, em um papo sobre bebês, chegamos a comentar sobre os hábitos dos nossos filhos quando pequenos.

Alguém disse "Meu filho só mamou até os 10 meses"
"Isso é normal" ecoou por vários cantos da sala
Outra delas disse "Meu filho mamou até os 2 anos"
Olhei ao redor e percebi a cara de desaprovação das outras mulheres, não era certo uma criança passar tanto tempo se alimentando só de leite
Respirei fundo e disse "O meu filho mamou até os quarenta e cinco anos de idade"

Foi um parto normal, seus traços eram obra inegável do meu DNA, um nascimento tão óbvio quanto uma mão gestante que dá luz a cinco lindos dedos esguios. Logo que nasceu, ele só calou o choro quando colocou a boca no bico do meu peito esquerdo, de onde nunca mais saiu. Meu filho foi crescendo, meus seios diminuindo. Sim, plural, dois, talvez por não aguentar a barra sozinho o seio livre estivesse enviando leite pro seio escolhido, encolhido. Na verdade com o passar dos anos eu já não sabia mais o que era seio, bico, boca e bochecha, os poros se confundiam, virou uma visão grotesca e bizarra de um tecido confuso digno de freak show. Eu fazia tudo carregando meu filho no colo, ia as compras com ele grudado, ao banheiro com ele ao meu lado, o pequeno leitão não parava de mamar nem se eu saísse correndo freneticamente na chuva. Ele estava preso ou meu mamilo como uma sanguessuga maldita, mamando, sugando sem parar, arrancando de mim tudo o que eu ingeria. Comecei a comer por dois. Ele cresceu e para as pessoas na rua viramos uma espécie estranha e rara de irmãos siamêses. Na verdade ele não parava mais de crescer.
"Filho você já tem 18 anos, já está na hora de colocar a boca em outros lugares"
Ele olhava pra mim, eu sabia que ele me ouvia, me entendia, mas ignorava.
O corpo dele se desenvolveu tanto que eu parecia uma chupeta em sua boca, não era mais eu que o carregava, virei apenas uma extensão do seu rosto. Mais de 3 metros de filho. O mais interessante, é que talvez por só fazer o mesmo movimento oral, meu filho não desenvolveu dentes, pelo menos eu não sentia nenhum ardor na fricção entre sua boca e o meu bico. De início pensei que de tanto esforço meu seio esquerdo chegaria a sangrar, mas nunca caiu sequer uma gota fora da boca do meu bebê, se ele sugava também meu sangue, nunca poderia saber. Algumas pessoas me enviavam cartas, sms, e-mails ou até me ligavam e lá em cima eu lia, era a unica forma de conversar com as pessoas la embaixo. 5 metros de filho. Me proporam cirurgias das mais diversas, mas eu não conseguiria sequer pensar em fazer algo que pudesse machucar meu querido filho. Prefiro machucar só a mim. Um dia, em mais uma visita a um Doutor, ele desacreditado me propôs a retirada da mama. Eu aceitei.

Não existe mais o que sugar de um pedaço restrito de carne, mas acredito que a ilusão ainda é um grande motivador. Hoje meu filho vive bem com um peito murcho e morto na boca.


QUEM QUISER LER OUTRO MINI CONTO MEU


segunda-feira, 19 de abril de 2010

INciSIva

Minha língua dança
dentro da minha boca
é frenetico seu movimento pertubador
empurra os dentes
empurra os dentes
Ela cansou da rotina da saliva
deseja outras viscosidades
novas mucosas
se recusa a produzir sons pelos sons
que o barulho seja conseguência

Minha língua pode dançar em outro lugar?
ela enjoou da mesma caverna
Qualquer que seja a abertura
independente da profundidade ou da largura

Minha lingua hoje acordou com instinto explorador.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pra deixar as coisas crescerem direito

Agora não uso mais os cabelos
sob os domínios do vento
20 anos e hoje me desfiz de mais um segmento
aprendendo a largar
experimentando o desapego

Um novo eu
a cada dia
Um novo outro
a cada espelho

Eu nem sequer
me reconheço

A cada reflexo
um recomeço



domingo, 14 de março de 2010

Cada um

Cada um com seu respectivo
talvez eu ache um abrigo
talvez um vazio
talvez um...

Cada um com seu respectivo
talvez alguém me encontre
talvez eu fique perdido
talvez até...

Cada um com seu respectivo
não é metade
não é complemento
não é 50%
não é...

Talvez eu
talvez só
talvez não
talvez por enquanto
talvez até seja melhor

Desacompanhado
procura carinho e afago
procura procura procura amparo
procura e só encontra solidão

Cada um com seu respectivo
e eu com meu próprio umbigo.



sexta-feira, 12 de março de 2010

Simplesmente Complicado - assista


Ontem eu lembrei do gosto delicioso da comida da tua casa
do lado que você gosta de ficar da cama
dos troncos colados
da repetição da/na madrugada
da tv se apresentando pra ninguém
do som alto pra disfarçar nossa alegria.

Eu lembrei da padaria da esquina
dos inúmeros táxis
Dos banquinhos de praça que transformamos em nosso.

Dos banhos juntos
das coisas íntimas
das loucuras que experimentamos
pela primeira vez com o outro
da máquina de cabelo
da Tequila
daquele final de semana trancado no quarto
da maconha e da cocaína

Das sombras por baixo da porta de sanfona
da antiga cama que rangia
do silêncio forçado
pela insistência em fazer o que não devia
Do sorriso que a joaninha dava de manhã
das suas tatuagens feias
do DVD que eu fiz pra você e sonho em quebrar
das camisas que você não fazia questão de me dar

Do bife com cebolas
da pizza aos domingos
do teu lanche preferido no sebosão
pós
segundas/quartas/sextas

Do ciúme doentio
dos filmes que vimos juntos
de como eu sentia a mentira
mas segurei a ficha antes da queda completa
daquela madrugada
daquelas mensagens
daquele choro
daquela perseguição
daquele dia

Das coisas que te abatiam
do seu passado que me dava sinal do
duvidoso comportamento
dos lugares que você tinha medo
das pessoas que você fugia
agora eu sou mais uma na lista das que
você errou e hesitou em corrigir.

Deu saudade, deu ódio
deu aquele prazer em estar vivo
e saber que eu aproveitei muito mais que você.






quinta-feira, 11 de março de 2010

Obturação

Todo esquecido quando
lembra das antigas existências
retoma dores
revive histórias
alimenta ódios
enche o peito e bate forte
em discurso ilusório
"Eu mereço mais"

Sempre se rendendo a menos
por pena de si mesmo

"Ergue a cabeça
pára de se fartar com migalhas"
seu sub-consciente
insistente grita como apelo final
"Permita-se lembrar mais"

Mas é que todo esquecido
por lei esquece e quando lembra se compromete
não que as palavras simplesmente entrem por um
e saiam pelo outro ouvido
não que as memórias simplesmente entrem por um
e saiam por outro sentido
mas ele realmente só lembra do que infiltrou
lembrança boa ou ruim
não importa
foi forte?
ficou. sangrou ou até curou.

O esquecido
permite-se esquecer
mas não admite cair no esquecimento.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Comprando asas

Nós, nascemos no mesmo dia
ele, buscando vôo mais alto
eu, dando impulso.








segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

Visto ou lido de outra maneira pode não significar nada.

Será que você vai pensar
em mim antes de dormir?
vai lembrar de mim?



trocar saliva com gente(s)
me faz voltar pra casa parecendo
um pouco doente.



Afinal, o sentido é tão fácil de ser perdido
quanto o sentimento.





sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Diretamente da Loja nº8

16/01/10
3:50 a.m.

"Bem...to postando TT*, com uma vontade de trabalhar com uma peça que no processo todo mundo se drogue ou beba muito, na propositalidade de ter um elenco transtornado durante a parte criativa, ia ser legal, me disseram que tem um grupo nos Estados Unidos que trabalha assim. ELes entram em cena alterados. deve ser interessante."

Postei isso após chegar bebado, claro que nao publiquei na hora, esperei acordar pra ve se seria possivel tornar publico

Mas isso nao aocntecerá, esse ano será:

Ak-47
Lâmina
Andróide sem par
e minha encenação sobre vampiros.

com mt seriedade.

Constato:

3º Os esteriótipos são incríveis de serem observados nas viagens, cada vez que viajo encontro grupos de pessoas que parecem ser as mesmas, mesmo modo se vestir, de agir, de falar, gente é mt assustador. Bate a saudade, bate repugnação, mas de qualquer forma é mt engraçado. Onde será que existe um "eu" no Brasil/Mundo a fora?


19/01/10

Claro que tenho muito pra contar, muito pra escrever, porém não posso gastar tanto tempo na net...Almoçar em botequim, conhecer pessoas que talvez nunca mais veja na vida, dormir num lugar desconhecido, beber ate ficar lhouco. Ficar sozinho no aeroporto observando as pessoas do mundo todo, burlar certas regras. Conhecer histórias dos outros, mesmo que "recortes", planejar o ano, sentir saudade, jogar no lixo pessoas e memórias que te fazem mal. AH....quero isso sempre na minha vida nao canso de repetir repetir repetir.
Próxima viagem (planejada) mochilão pela américa do Sul, com parada extensa no Chile para ver o Festival de Teatro em janeiro, quem quiser ir, ja vai se juntando comigo, gente de qualquer lugar do brasil, fazemos o contato e nos encontramos la no fim do ano! seria um prazer.

aqui em Aracaju
teve um dia que num show me fingi de chileno...kkkk foi mt engraçado
relembrando os tempos de "La Companhã Los Estrangeros del Serido"
meu portunhol e com unas pitadas de inglês hahahahaha encantou uma menina até!

O tempo aqui está acabando, as férias não, esse ano, eu to so plantando coisa boa, pq será o começo dos meus anos mais felizes!

"Aqui ninguém imagina que é uma casa....
hoje a noite nao tenho par."


TT* totalmente transtornado.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Me joguei na rua

Após uma viagem maravilhosa de bem dizer uma semana em Pipa/RN, na tentativa de distanciar-se mesmo, hoje estou em Aracaju, onde não conheço "ninguém". Totalmente distanciado, feliz e com a sensação de "quero fazer isso muitas e muitas vezes!", afinal como diz uma menina maravilhosa que conheci "Eu nao sou obrigado!" Grande Rebeca.
Estou na casa de uma amiga que estudou comigo durante um ano, na sexta-serie em Curitiba. Nathy. Através de conversas virtuais resolvi a "piraçao" de vir pra cá. Tesão. Aqui é incrivél, parece que to vivendo um conto, uma crônica, que seja, ela mora dentro de uma galeria de lojas, e onde deveria ser um loja é a casa dela!Ela mora só. Poderia começar melhor? altamente incrivel, aqui as inspirações pros meus novos projetos estão a mil. Já comprei caderninho pra ir registrando tudo. A vitrine da "loja" é toda coberta, no escuro entra uns feiches de luz pelas brechas, me sinto num esconderijo.

Constato que:
1º chegar num lugar onde ninguém te conhece, você pode ser o que quiser e quem quiser, você é carne nova no pedaço, as pessoas estão interessadas e com um pouco de concentração e disciplina seus atos pddem te elevar na primeira impressão. Só nao confundam ser outro com deixar de ser eu. Quem estou sendo aqui? nao conto.

2º Me sinto menos só, porque isso? Num lugar onde nao tenho laços, me sinto mais acolhido. Acho que o grande problema é ser uma constância na vida das pessoas. como digo em "esses meses" a frase que sempre é um tapa na minha cara a cada cantada "se quiser me esquecer, vai ter que passar o tempo todo comigo". A sensação de renovaçao é intensa, tanto mental quando corporal quando espiritual. Estou numa descoberta para quando voltar lutar e descobrir como não ser uma constância na vida dos que me rodeiam.

Esse ano planejo muitas viagens, e alguns projetos, espero conseguir administrar tudo. Enquanto isso to me divertindo forjando encontros aleatórios. Agradeço por tudo e espero sempre poder arrumar minha mala e me mandar! e ai? como andam as férias?